Separado, passeando sem os filhos, sem ninguém!
Pelo menos, sem ninguém que eu pudesse ver.
Mas eu estava naquela amosfera mista
de entrega à divina essência,
à devanescência
à tristeza
e à solidão.
De certo modo, penso que esse confusão mental de hoje
abriu em mim as portas
de algum lugarzinho que nós temos,
por onde se deixa entrar a beleza das coisas.
E foi por isso, acredito,
que eu pude perceber o que sempre devia estar lá,
mas eu não via:
- tinha um casal de meia idade que caminhava abraçado. Marido com expressão de serenidade, de paz, de quem não queria estar em nenhum outro lugar do mundo;
- passei por uma menina de vestido muito verde, cor de seus olhos, que sorriam com a alma, para a mãe;
- no restaurante, uma menina de uns quatro anos, dava com seu garfo, da sua própria cominda, para a irmãzinha menor;
- um casal feliz, se abraçava e se beijava na escada rolante. Depois ele deu um tapinha discreto no traseiro dela. Ops. Eu vi;
- no cinema, um sujeito se desculpava à moça da bilheteria porque havia perdido seu óculos para a projeção 3D. Ela deu uma piscadinha, e lhe deu outro;
- no supermercado, a moça empurrava o carrinho. Não. O moço, com a mão sobre a dela, empurrava junto;
- as três moças do caixa da drogaria, se divertiam tentando traduzir uma frase de amor para o inglês;
- a menina, que tomava um sorvete, de vestido cor de rosa, e um gatinho desenhado no dorso da mão, se divertia no balcão do caixa do estacionamento, enquanto o pai, sem mãe, a equilibrava, ao mesmo tempo que digitava a senha do cartão de crédito e procurava não deixar cair os pacotes de compras.
- e o local, onde, há pouco tempo, eu sentara para tomar um café, cercado de pessoas queridas, estava vazio.
Fiquei pensando como é importante e como faz bem a gente poder dar amor e carinho a quem queremos bem... Mas eu não podia!
Gilberto de Almeida
29/09/2012
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