Enquanto eu desentrenhava
na estação
lotada,
o sujeito de trás
e sua mochila
pareciam ignorar a lei
da impenetrabilidade da matéria
e se esforçavam por me atravessar.
Eu, por minha vez,
me esforcei por não esquecer as outras leis,
como a lei do amor
e da benevolência.
Quase não consegui.
Mas quando o rapaz já seguia a alguns metros de distância
(não me lembro bem se me atravessou ou não!)
consegui libertar-me
dessa influência desastrosa do toma-lá-dá-cá
e desejar-lhe um dia feliz!
Depois me peguei pensando
sobre as influências a que estamos sujeitos
sem perceber
e que contrariam o nosso íntimo.
E pensei também em quantas vezes seria proveitoso
ignorá-las.
II
E no outro sentido vinha um jovem a ajeitar as costeletas
refletidas no telefone celular!
III
Noutro dia, a moça da bilheteria era um rapaz.
Sem perceber eu tinha criado o hábito de dar bom dia.
Ele sorriu.
E eu fui me acostumando.
Gilberto de Almeida
05/06/2013
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