Apenas seguíamos caminhos um tanto diferentes nos últimos meses.
Porém, ontem à noite, tive saudade.
Procurei em todos os bolsos, procurei na mochila que sempre me acompanha, mas nada!
A evidência era óbvia:
- Depois de todo esse tempo, eu perdera o Alberto de vista.
Amanheceu outro dia e, como numa resposta à minha evocação involuntária da véspera,
foi o Alberto materializando-se em meu pensamento
até sentar-se à mesa posta
para uma bem-vinda conversa ao café da manhã.
Quem nos conhece, sabe que nem eu nem o Alberto somos afeiçoados à tagarelice sem proveito.
Assim é que nossa conversa transcorreu em agradável mutismo,
mas em inefável contentamento até que o Alberto me perguntou:
- E as leituras?
- Ando lendo, ando lendo!
Não me dei conta de que acabara de dizer uma verdade quase literal.
Nesse intervalo de ausência involuntária a que eu e Alberto, mutuamente, nos consagráramos,
vinha eu lendo mais e mais. Parecia que, de algum tempo para cá, eu despertara para a consciência a respeito da minha estupenda ignorância. E a vontade de aprender dominava-me completamente.
Em algumas ocasiões - isso não é exagero! - devorava meus livros enquanto caminhava pelas ruas e,
o que é mais grave, enquanto dirigia em meio ao trânsito congestionado de São Paulo. Aproveitava também os intervalos entre um e outro atendimentos aos pacientes no trabalho, os momentos no Trem ou à espera dele, os intervalos das refeições, as filas dos bancos... Mas, curiosamente, reparava, poucas ou nenhumas outras pessoas aproveitavam o tempo da mesma maneira! Será que já sabiam tudo?
- Lá no campo, não temos filas! - Interrompeu o Alberto, fazendo-me retornar ao plano físico, do mundo de meus devaneios.
- Mas você lê? - Perguntei - sem atinar de imediato que meu amigo parecia ter captado meu pensamento.
- Leio a Bíblia. E leio a natureza.
- E você acredita no que lê nos livros?
- Acredito, sim!
Foi assim que, inevitavelmente, surpreendi-me a considerar que meu amigo Alberto precisava urgentemente de outras leituras...
E, é claro, considerei também que eu necessitava de muito mais natureza...
E, é claro, considerei também que eu necessitava de muito mais natureza...
Gilberto,
ResponderExcluirLer as palavras ou ler uma folha que cai no outono é quase a mesma coisa: o importante não é a palavra ou a folha, é o sentir que elas comunicam...
Que bonita leitura que esta! :)
Abraço!
As vezes somos assim, nos sentimos dois ou mais, queremos voar mais não temos asas, queremos ficar na janela ver o tempo passar mais a pressa não nos permite, queremos sentir mais o chão, pisar no barro, sentir a beleza das flores e aquele tapete formado pela as que já cumpriram sua missão e ainda como uma despedida enfeitam o chão. De certa forma somos tudo isso!
ResponderExcluirAs vezes somos assim, nos sentimos dois ou mais, queremos voar mais não temos asas, queremos ficar na janela ver o tempo passar mais a pressa não nos permite, queremos sentir mais o chão, pisar no barro, sentir a beleza das flores e aquele tapete formado pela as que já cumpriram sua missão e ainda como uma despedida enfeitam o chão. De certa forma somos tudo isso!
ResponderExcluirObrigado pelo seu comentário e pela sua reflexão, meu amigo! Seja sempre bem vindo a este espaço!
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