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sexta-feira, 26 de novembro de 2021

Eu, Alberto e a estrela guia



A noite não tinha nuvens e tudo estava agradável.

Uma brisa refrescante descia das copas das árvores.

Eu e Alberto estávamos na varanda.Eu, estatelado na rede; Alberto, em cima da mesinha de canto.

Acredito que o meu ângulo de visão era melhor, porque fui eu quem iniciou o assunto:

- Alberto, você já pensou no simbolismo da estrela guia?

Silêncio.

- Aquela que os reis magos seguiram para chegar a Jesus!

A voz do Alberto era como o silêncio de um livro fechado.

Adivinhando que ele não havia compreendido minha pergunta, falei, sem rodeios!

- Eu acredito que tudo que se refere ao natal tem um significado simbólico. Aliás, acredito que toda a vida de Jesus é cheia de mistérios e significados ocultos! Por isso, penso que deve haver algum ensinamento por trás dessa história da estrela guia. Só que eu não consigo captar. Você já pensou nisto?

Sem mover um músculo, o Alberto respondeu com simplicidade:

- Você pensa muito. Todas as respostas estão na natureza.

- Mas como assim, o que você quer dizer?

- Primeiro, não pense. Já falei. Você pensa muito. Segundo: a natureza. Olhe para uma estrela. 

- Mas...

- Mas, nada! Olhe para a estrela.

O Alberto diante de mim estava diferente. Eu nunca o vira tão afirmativo. Eu diria que Se Alberto era o nome, contemplação era o sobrenome. Vai ver, era isso que ele queria que eu fizesse: que contemplasse.

E lá fiquei eu olhando para a estrela. E fiquei. Quinze segundos. Trinta segundos...

- Alberto...

- Shhh...

Tudo bem. Um minuto! Será que já era suficiente? O Alberto calado. Quinze minutos. E continuei. Trinta minutos. E nada.

- Alberto, não está acontecendo nada.

- Quem disse que é para acontecer alguma coisa. Só olhe.

Aquilo estava muito chato! Fui dormir! O Alberto continuou na mesa, olhando para a estrela a noite inteira.

Na manhã seguinte, quando despertei, a estrela havia desaparecido. Pareci besta! Procurei. Senti falta. Como faz falta uma estrela que a gente não consegue ver!

Mas de noite, ela estava lá de novo. Como se tivesse a obrigação de clarear o céu noturno, ela ressurgiu. Não despreguei os olhos dela. Fui dormir somente ao clarear o dia...

Era natal.

Ah! Entendi! Ou não?


Gilberto de Almeida

(26/11/2021)

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