De uns tempos para cá, eu e o Alberto andamos nos falando menos.
A amizade persiste, é claro, mas nossos assuntos parecem diferentes,
nossas crenças parecem mais distantes...
Na manhã de hoje, no entanto, quando dirigia por certa floresta de pinheirais, lembrei-me do Alberto.
Encontrei-o no porta-luvas, desculpei-me pela longa ausência e perguntei-lhe, só para iniciar conversa, inspirado pela paisagem ao derredor:
- Alberto, você já providenciou uma árvore de natal?
O Alberto, como se houvéssemos nos falado ontem mesmo - e como é da sua natureza, diga-se de passagem - sem mais delongas, principiou a explicar-me, no seu jeito característico de falar:
"Há uma árvore no quintal da minha casa.
Mas não fui eu quem a plantou.
Então ela não é minha,
é da natureza.
Mas eu não preciso que seja minha,
porque não preciso de nada
que não tenha em mim mesmo.
Mas que aquela árvore,
lá no quintal da minha casa,
é de natal, eu sei que é, sim.
Porque toda árvore neste mundo,
toda árvore plantada no chão
e que vive da seiva da Terra
é de Deus, nosso pai,
e é de Nosso Senhor, Jesus Cristo."
Aí, enquanto eu dirigia, olhos fixos na estrada, mas com atenção no silêncio a que se entregara o amigo a meu lado, pensei que deveria voltar a conversar mais frequentemente com o Alberto, porque, afinal de contas, em meio a nossas concordâncias e diferenças, sempre havia um quê de poesia a escapar da conversação, e isso, no fundo, é o que, para mim, sempre valeu a pena.
Gilberto de Almeida
11/11/2016
nossas crenças parecem mais distantes...
Na manhã de hoje, no entanto, quando dirigia por certa floresta de pinheirais, lembrei-me do Alberto.
Encontrei-o no porta-luvas, desculpei-me pela longa ausência e perguntei-lhe, só para iniciar conversa, inspirado pela paisagem ao derredor:
- Alberto, você já providenciou uma árvore de natal?
O Alberto, como se houvéssemos nos falado ontem mesmo - e como é da sua natureza, diga-se de passagem - sem mais delongas, principiou a explicar-me, no seu jeito característico de falar:
"Há uma árvore no quintal da minha casa.
Mas não fui eu quem a plantou.
Então ela não é minha,
é da natureza.
Mas eu não preciso que seja minha,
porque não preciso de nada
que não tenha em mim mesmo.
Mas que aquela árvore,
lá no quintal da minha casa,
é de natal, eu sei que é, sim.
Porque toda árvore neste mundo,
toda árvore plantada no chão
e que vive da seiva da Terra
é de Deus, nosso pai,
e é de Nosso Senhor, Jesus Cristo."
Aí, enquanto eu dirigia, olhos fixos na estrada, mas com atenção no silêncio a que se entregara o amigo a meu lado, pensei que deveria voltar a conversar mais frequentemente com o Alberto, porque, afinal de contas, em meio a nossas concordâncias e diferenças, sempre havia um quê de poesia a escapar da conversação, e isso, no fundo, é o que, para mim, sempre valeu a pena.
Gilberto de Almeida
11/11/2016
este é o verdadeiro espírito do natal! Muito bom!
ResponderExcluirFeliz Natal!
Obrigado, Guaraciaba! Um feliz natal para você!
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