Nem sempre a rima pobre torna inválido
o esforço caprichoso que a recolhe
do abrigo do vernáculo, algo cálido,
que a todo verbo abriga e à rima acolhe.
Por certo, vara a noite e, ao dia, pálido,
ainda busca a rima, e a língua tolhe,
nas muitas tentativas, quando, esquálido,
desiste, entorpecido e, exausto, escolhe.
Parece anemiado ou hemofílico
e sente-se covarde, de alma dobre.
Nem mesmo retirado, em mundo etílico,
consegue completar-se o esforço nobre.
É assim que do ideal, formoso e idílico,
germina, finalmente, a rima pobre.
Gilberto de Almeida
29/06/2019
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