Pesquisar neste blog

sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

O pastor sobre o rochedo













No horizonte, amanhece,
a paz timidamente começa
e eu aprecio
sobre a aridez insulada da minha vida.

Amanhece sobre o mar,
oscila o espelho luminoso
e eu aprecio
da altura do rochedo dos meus temores.

Na mata fresca, amanhece,
doura-se o verde contemplativo
e eu aprecio
sobre o leito rude do meu pranto.

Amanhece a música na vida,
São bem-te-vis, sabiás, nem-sei-mais
e eu aprecio
do silêncio indevassável da noite antiga.

Na Terra, tudo amanhece,
fluem os rios, prateando o dia
e eu aprecio
sobre a inércia, ávido de movimento.

Amanhece o firmamento,
Deus vibra, infinitamente manifesto,
e eu aprecio
sobre o sólido reduto das minhas preces.

Dentro de mim, amanhece.

Gilberto de Almeida
28/02/2014


quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

Reviver - XVI


Gilberto de Almeida
26/02/2014



Reviver - XV


Gilberto de Almeida
26/02/2014


quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

Outono

(Rainer Maria Rilke - Tradução do original alemão por Geir Campos e Fernando Jorge)

As folhas caem como se do alto
caíssem murchas, dos jardins do céu;
caem com gestos de quem renuncia.

E a Terra, só, na noite de cobalto,
cai de entre os astros na amplidão vazia.

Caímos todos nós. Cai esta mão.
Olha em redor: cair é a lei geral.

E a terna mão de Alguém colhe, afinal,
todas as coisas que caindo vão.


quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

Ponte

(dedicado a meu pai)

Pai, no teu aniversário
caminha pelo meu amor,
porque esse amor de filho
nada mais é que uma ponte
por sobre a distância invisível
entre o meu coração de carne
e o teu,

que hoje é luz!

Gilberto de Almeida
05/02/2014

domingo, 2 de fevereiro de 2014

Causa e efeito


Gilberto de Almeida
02/02/2014



Iniciação

(Rainer Maria Rilke - Tradução do original alemão por Geir Campos e Fernando Jorge)

Quem quer que sejas: deixa tua alcova,
da qual já sabes tudo que desejas;
teu lar na tarde, longe, se renova,
quem quer que sejas.

Com teus olhos exaustos, que ainda a custo
entre os gastos umbrais logram passar,
ergues inteira a sombra dum arbusto
posto ante o céu - esguio, singular.

E tens já pronto o mundo: estranho assim
como palavra que amadurecesse
no silêncio, e que teu olhar esquece
quando lhe captas o sentido, enfim...