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terça-feira, 30 de abril de 2013

Um haicai muito cabeça-dura

O infinito
eu aguardo
aflito!

Gilberto de Almeida
30/04/2013


segunda-feira, 29 de abril de 2013

Poema Aleatório - I


Como construir seu poema aleatório:

1) Monte o dado;
2) Jogue quantas vezes quiser;
3) A cada lance, anote a sílaba que surgir
(- as letras e acentos entre parênteses são opcionais);
4) Forme palavras e versos à vontade, juntando as partes como quiser;
5) Se a combinação de lances consecutivos do dado não fizer sentido, ignore e lance o dado novamente (ou não lance e forme versos e palavras sem sentido - não há problemas com isso);
6) Inclua a pontuação gráfica, como quiser;
7) Pare quando quiser;
8) Não me xingue!
9) Se quiser, compartilhe seus poemas aleatórios nos comentários!

Gilberto de Almeida
30/04/2013


Poema com Gabaritos - II


Gilberto de Almeida
29/04/2013



sábado, 27 de abril de 2013

Apanhei-te vagalume


O poema "Apanhei-te vagalume" é um programa de computador e não consigo postá-lo no Blogue.

A única maneira que eu testei e funcionou para compartilhá-lo com alguém é o envio por e-mail. Assim, se você tiver interesse, envie um e-mail para gda2021@hotmail.com, solicitando sua cópia. Como tudo neste blogue, é gratuito. Faço apenas pelo prazer de criar.

O poema será enviado como um arquivo compactado e, para abri-lo você terá que, primeiro descompactá-lo.

Ah!, se me enviar esse e-mail solicitando, deixe um comentário aqui avisando, pois abro muito infrequentemente minha caixa de e-mails.

Um fraterno abraço,

Gilberto.

Oito versos para o sol e a lua

E o sol?
- Bom dia!

E a lua?
- Sumia!

E o sol?
- Se inflama!

E a lua?
- Reclama!

Gilberto de Almeida
27/04/2013


Poema mentecapto


Chamo a assistência técnica da TV a cabo.
Dever...
Terminar...
A paciência do mundo!
Ah! Foi todo mundo!
Somente capto o que vejo!

Chamo a assistência tétrica da TV.
Acabo de ver terminar a paciência do mundo!
Afoito do mundo! 
Só mentecapto, o que vejo!

Chamo Assis. Tem-se a técnica da TV.
Acabo de verter, minar a paz...
Ciência do mundo afoito.
Do mundo só!
Mente! Capto o que vejo!

Gilberto de Almeida
27/04/2013


Poema com Gabaritos - I


Gilberto de Almeida
26/04/2013


sexta-feira, 26 de abril de 2013

Mortoqueiro



Gilberto de Almeida
26/04/2013


Vagalumes


Gilberto de Almeida
26/042013


quinta-feira, 25 de abril de 2013

Dead Chicken


"Happy Chicken"
no restaurante
estava escrito...

No meu ingênuo vegetarianismo
não entendo o porquê,
já que todas as galinhas estavam mortas!

Gilberto de Almeida
25/04/2013


Soneto para o sol e a lua


O sol e a lua são de fato apaixonados!
Somente o distraído, o tolo desatento,
para não ver na luz que tinge o firmamento
o amor secreto desses dois predestinados.

Não vivem ambos pelos céus, desconsolados,

a procurar-se sem parar um só momento?
Não vive o Sol a declarar seu sentimento
em tantos versos de afeição iluminados?

Mas triste sina, a desse amor que se insinua

no breve instante da alvorada que descerra
o dia; o triste amor que a dor do adeus pontua.

Enquanto o sol, de amor, se esquenta, agita e berra,

a seu destino, agrilhoada, segue a lua,
que, apaixonada pelo sol, orbita a Terra!

Gilberto de Almeida

25/04/2013

quarta-feira, 24 de abril de 2013

Com suma consciência

Com suma  consciência
suma com o consumo
sem consciência,
ou consuma
consciência!

Gilberto de Almeida
24/04/2013


Anagrama destemido!

DE MAGRA, ANA TEM SIDO
MEGERA DOTADA! SIM, ANA,
ANDE! TEM SIDO AMARGA,
TEM SIDO A GRANDE, A MÁ!
DESMANDE! AGIR A TOMA...

ANA, TEMA DAR GEMIDOS!
ANAGRAMA DESTEMIDO!

Gilberto de Almeida
24/04/2013

terça-feira, 23 de abril de 2013

Amor em qual sentido?

======================================================
Se divides, és amor... Eu quero! Mas, e se divides?
======================================================

Gilberto de Almeida
23/04/2013


Barata preta


==========================================================
Arrebatar, abater, parar... a rara preta barata berra!
==========================================================

Gilberto de Almeida
23/04/2013


Petrodólares


===============================================
Arrebato! Gasolina, anilosa gota... berra!
===============================================

Gilberto de Almeida
23/04/2013


Haicai e flores - XVIII


Formosa sem vênia
desliza, mas não precisa...
Assim é a Gardênia

Gilberto de Almeida
23/04/2013

Poesias da Vida - XXXVII

(Juliana Paula Landim)

Trabalhar numa repartição pública
cercada de homens
não é fácil!

Sinto muito, marcianos,
mas educação e higiene são fundamentais
e parece não existir disso
lá no planeta de onde vocês vêm!

Por isso me questiono,
a cada dia
se vale mesmo a pena
por causa de alguns centímetros de linguiça
levar pra casa um porco inteiro...

Cenas em um shopping - XXXII

Na mesa ao lado tinha uma moça bonita.

O palco da vida alheia,
para um solitário como eu,
tem sido a mesa ao lado!

Meu espetáculo do dia a dia.

Dessa vez, 
foi um casal que deu sua contribuição
para o meu entretenimento!

PRIMEIRO ATO

A mulher era bonita,
mas isso, minto, eu não tinha notado.
O rapaz - pobre rapaz - tinha um olhar de desespero contido... 

Passado o período de aquecimento,
que deve ter acontecido atrás das cortinas,
o peça só começou
quando a conversa tomou ares de drama
e altura de declamação!

Os diálogos eram confusos e se sobrepunham;
os protagonistas falavam ao mesmo tempo
(suponho que esse efeito dramático fosse intencional!)
Ela vociferava em tom de epopéia;
ele se defendia, numa interpretação intimista.

Ela cruzou os braços,
expressão facial contrariada
e acusou-o de ter feito aquilo (sei lá o quê!)
"de propósito"...

- Você não vai mesmo, não é?

Então ele se levantou,
atravessou a praça de alimentação,
desapareceu
e ela se manifestou:

- Que saco!

A moça bonita
se transfigurou!
Deu-me calafrios!
(Belíssima interpretação!
Com que perfeição ela encarnava a megera!)

SEGUNDO ATO

Em instantes retornou o seu companheiro!
Trouxe guardanapos de papel
e os entregou, consternado, à dama!
Ela deixou escapar algum palavrão inaudível
e, rapidamente,
envolveu seu hambúrguer nesses imprescindíveis guardanapos!

O mistério foi desfeito!
Que maravilha!
Logo no início do segundo ato o Diretor encerra a trama
e revela o seu argumento!

Retira o véu que esconde a sordidez humana!

Os atores parecem, nesses instantes finais do drama,
esquecerem-se um da presença do outro:
- Ela, devorando seu sanduíche,
seu desatinadamente importante sanduíche!
- Ele, olhar perdido no vácuo...

Fiquei extasiado com aquela representação do cotidiano,
com aquela comédia tragipatética 
que revelou a insignificância e a fragilidade de um relacionamento
ante a inadiável,
inalienável
e irremediável
necessidade
de guardanapos!

Soberbo!
Tive vontade de aplaudir!
Que argumento!
De que vale a gentileza, afinal?
De que vale a moderação? O respeito? O entendimento? A ternura?
Se faltam guardanapos!?

Bravo!

Mas as cortinas baixaram
e eu notei que o rapaz continuava
com o olhar
no vácuo...

E eu tive pena,
porque senti que ele escolhera
se relacionar
com a beleza errada!

Na mesa ao lado tinha uma moça feia.


Gilberto de Almeida
23/04/2013


domingo, 21 de abril de 2013

Soneto unitário do bem querer


Quem
quero,
quero
bem;

nem
lero-
lero
tem!

Chamo,
conto,
clamo!

Tonto,
Amo..
pronto!

Gilberto de Almeida
21/04/2013


Haicai e flores - XVII


Amor ou perjúrio?
Então... é ver que intenção
tem a flor do Antúrio...

Gilberto de Almeida
21/04/2013


sábado, 20 de abril de 2013

Cenas em um shopping - XXXI

Era uma senhora falante
que encontrou na mesa ao lado
gente conhecida
e tal!

Era uma senhora falante:
simpática e desagradável
como se fosse
uma vendedora!

Era uma senhora falante!
Como se fosse uma vendedora,
despediu-se protocolarmente
de todos!

Despediu-se do João
da Teresa,
do Raimundo,
da Maria,
do Joaquim,
de J. Pinto Fernandes...

e por fim,
sem entender se eu fazia parte do grupo,
despediu-se de mim,
que não tinha entrado na história!

Gilberto de Almeida
20/04/2013


sexta-feira, 19 de abril de 2013

Interrompido

O SUS tenta, mas não sustenta!

Gilberto de Almeida
19/04/2013


Olimpo



(Mariana Nagano)

No Monte Olimpo
meu monte de Vênus
vai a Marte.


Um estudo sobre o preconceito

Decidi estudar o preconceito
do ponto de vista de um homem
que não tem preconceitos.

Que belo! Que Sublime!, diria um tolo!
Que sofisma, digo eu!

Pois, se tenho um ponto de vista, que é o do homem sem preconceitos,
antes mesmo de iniciar o meu estudo sobre o preconceito,
então tenho um ponto de vista que existe
antes mesmo de ter conceito;

Então tenho um preconceito!

Daí vem
- e vem com um sorriso sardônico mal contido -
daí vem que Descartes estava errado
e o racionalismo é mentira de gente preconceituosa!

Daí vem, também,
a graça e a bênção de ser poeta,
porque se eu não o fosse
iria pensar que todo discurso
- de maiorias ou de minorias -
era puro preconceito!

Mas como poeta não penso
(graças a Deus não penso nada!);
apenas sinto

e sinto muito!

Gilberto de Almeida
19/04/2013

!!! LIBERD ADE


Gilberto de Almeida
19/04/2013



quinta-feira, 18 de abril de 2013

Aniversário


(Fernando Pessoa/Álvaro de Campos)

No TEMPO em que festejavam o dia dos meus anos,
Eu era feliz e ninguém estava morto.
Na casa antiga, até eu fazer anos era uma tradição de há séculos,
E a alegria de todos, e a minha, estava certa com uma religião qualquer.

No TEMPO em que festejavam o dia dos meus anos,
Eu tinha a grande saúde de não perceber coisa nenhuma,
De ser inteligente para entre a família,
E de não ter as esperanças que os outros tinham por mim.
Quando vim a ter esperanças, já não sabia ter esperanças.
Quando vim a olhar para a vida, perdera o sentido da vida.

Sim, o que fui de suposto a mim-mesmo,
O que fui de coração e parentesco.
O que fui de serões de meia-província,
O que fui de amarem-me e eu ser menino,
O que fui — ai, meu Deus!, o que só hoje sei que fui...
A que distância!...
(Nem o acho...)
O tempo em que festejavam o dia dos meus anos!

O que eu sou hoje é como a umidade no corredor do fim da casa,
Pondo grelado nas paredes...
O que eu sou hoje (e a casa dos que me amaram treme através das minhas
lágrimas),
O que eu sou hoje é terem vendido a casa,
É terem morrido todos,
É estar eu sobrevivente a mim-mesmo como um fósforo frio...

No tempo em que festejavam o dia dos meus anos...
Que meu amor, como uma pessoa, esse tempo!
Desejo físico da alma de se encontrar ali outra vez,
Por uma viagem metafísica e carnal,
Com uma dualidade de eu para mim...
Comer o passado como pão de fome, sem tempo de manteiga nos dentes!

Vejo tudo outra vez com uma nitidez que me cega para o que há aqui...
A mesa posta com mais lugares, com melhores desenhos na loiça, com mais       copos,
O aparador com muitas coisas — doces, frutas o resto na sombra debaixo do alçado —,
As tias velhas, os primos diferentes, e tudo era por minha causa, 
No tempo em que festejavam o dia dos meus anos...

Pára, meu coração!
Não penses! Deixa o pensar na cabeça!
Ó meu Deus, meu Deus, meu Deus!
Hoje já não faço anos.
Duro.
Somam-se-me dias.
Serei velho quando o for.
Mais nada.
Raiva de não ter trazido o passado roubado na algibeira!...

O tempo em que festejavam o dia dos meus anos!...

Caso do vestido


(Carlos Drummond de Andrade)

Nossa mãe, o que é aquele
vestido, naquele prego?

Minhas filhas, é o vestido
de uma dona que passou.

Passou quando, nossa mãe?
Era nossa conhecida?

Minhas filhas, boca presa.
Vosso pai evém chegando.

Nossa mãe, dizei depressa
que vestido é esse vestido.

Minhas filhas, mas o corpo
ficou frio e não o veste.

O vestido, nesse prego,
está morto, sossegado.

Nossa mãe, esse vestido
tanta renda, esse segredo!

Minhas filhas, escutai
palavras de minha boca.

Era uma dona de longe, 
vosso pai enamorou-se.

E ficou tão transtornado,
se perdeu tanto de nós, 

se afastou de toda vida,
se fechou, se devorou,

chorou no prato de carne,
bebeu, brigou, me bateu,

me deixou com vosso berço,
foi para a dona de longe,

mas a dona não ligou.
Em vão o pai implorou.

Dava apólice, fazenda, 
dava carro, dava ouro, 

beberia seu sobejo,
lamberia seu sapato.

Mas a dona nem ligou.
Então vosso pai, irado,

me pediu que lhe pedisse,
a essa dona tão perversa,

que tivesse paciência
e fosse dormir com ele...

Nossa mãe, por que chorais?
Nosso lenço vos cedemos.

Minhas filhas, vosso pai
chega ao pátio.  Disfarcemos.

Nossa mãe, não escutamos
pisar de pé no degrau.

Minhas filhas, procurei
aquela mulher do demo.

E lhe roguei que aplacasse
de meu marido a vontade.

Eu não amo teu marido,
me falou ela se rindo.

Mas posso ficar com ele
se a senhora fizer gosto,

só pra lhe satisfazer,
não por mim, não quero homem.

Olhei para vosso pai, 
os olhos dele pediam.

Olhei para a dona ruim, 
os olhos dela gozavam.

O seu vestido de renda, 
de colo mui devassado, 

mais mostrava que escondia
as partes da pecadora.

Eu fiz meu pelo-sinal,
me curvei... disse que sim.

Sai pensando na morte,
mas a morte não chegava.

Andei pelas cinco ruas, 
passei ponte, passei rio, 

visitei vossos parentes, 
não comia, não falava,

tive uma febre terçã,
mas a morte não chegava.

Fiquei fora de perigo,
fiquei de cabeça branca,

perdi meus dentes, meus olhos, 
costurei, lavei, fiz doce,

minhas mãos se escalavraram,
meus anéis se dispersaram,

minha corrente de ouro
pagou conta de farmácia.

Vosso pai sumiu no mundo.
O mundo é grande e pequeno.

Um dia a dona soberba
me aparece já sem nada,

pobre, desfeita, mofina,
com sua trouxa na mão.

Dona, me disse baixinho,
não te dou vosso marido,

que não sei onde ele anda.
Mas te dou este vestido, 

última peça de luxo
que guardei como lembrança

daquele dia de cobra,
da maior humilhação.

Eu não tinha amor por ele,
ao depois amor pegou.

Mas então ele enjoado
confessou que só gostava

de mim como eu era dantes.
Me joguei a suas plantas,

fiz toda sorte de dengo,
no chão rocei minha cara,

me puxei pelos cabelos,
me lancei na correnteza,

me cortei de canivete,
me atirei no sumidouro,

bebi fel e gasolina,
rezei duzentas novenas,

dona, de nada valeu:
vosso marido sumiu.

Aqui trago minha roupa
que recorda meu malfeito

de ofender dona casada
pisando no seu orgulho.

Recebei esse vestido
e me dai vosso perdão.

Olhei para a cara dela,
quede os olhos cintilantes?

quede graça de sorriso,
quede colo de camélia?

quede aquela cinturinha
delgada como jeitosa?

quede pezinhos calçados
com sandálias de cetim?

Olhei muito para ela, 
boca não disse palavra.

Peguei o vestido, pus
nesse prego da parede.

Ela se foi de mansinho
e já na ponta da estrada

vosso pai aparecia.
Olhou pra mim em silêncio,

mal reparou no vestido
e disse apenas: — Mulher,

põe mais um prato na mesa.
Eu fiz, ele se assentou,

comeu, limpou o suor,
era sempre o mesmo homem,

comia meio de lado
e nem estava mais velho.

O barulho da comida
na boca, me acalentava,

me dava uma grande paz,
um sentimento esquisito

de que tudo foi um sonho, 
vestido não há... nem nada.

Minhas filhas, eis que ouço
vosso pai subindo a escada.


Alma minha gentil, que te partiste


(Luiz Vaz de Camões)

Alma minha gentil, que te partiste
Tão cedo desta vida descontente, 
Repousa lá no Céu eternamente, 
E viva eu cá na terra sempre triste.

Se lá no assento etério, onde subiste,
Memória desta vida se consente, 
Não te esqueças daquele amor ardente 
Que já nos olhos meus tão puro viste.

E se vires que pode merecer-te 
Alguma cousa a dor que me ficou 
Da mágoa, sem remédio, de perder-te;

Roga a Deus que teus anos encurtou,
Que tão cedo de cá me leve a ver-te,
Quão cedo de meus olhos te levou.


Poema em linha reta

(Fernando Pessoa/Álvaro de Campos)

Nunca conheci quem tivesse levado porrada.
Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo.

E eu, tantas vezes reles, tantas vezes porco, tantas vezes vil,
Eu tantas vezes irrespondivelmente parasita,
Indesculpavelmente sujo,
Eu, que tantas vezes não tenho tido paciência para tomar banho,
Eu, que tantas vezes tenho sido ridículo, absurdo,
Que tenho enrolado os pés publicamente nos tapetes das etiquetas,
Que tenho sido grotesco, mesquinho, submisso e arrogante,
Que tenho sofrido enxovalhos e calado,
Que quando não tenho calado, tenho sido mais ridículo ainda;
Eu, que tenho sido cômico às criadas de hotel,
Eu, que tenho sentido o piscar de olhos dos moços de fretes,
Eu, que tenho feito vergonhas financeiras, pedido emprestado sem pagar,
Eu, que, quando a hora do soco surgiu, me tenho agachado
Para fora da possibilidade do soco;
Eu, que tenho sofrido a angústia das pequenas coisas ridículas,
Eu verifico que não tenho par nisto tudo neste mundo.

Toda a gente que eu conheço e que fala comigo
Nunca teve um ato ridículo, nunca sofreu enxovalho,
Nunca foi senão príncipe - todos eles príncipes - na vida...

Quem me dera ouvir de alguém a voz humana
Que confessasse não um pecado, mas uma infâmia;
Que contasse, não uma violência, mas uma cobardia!
Não, são todos o Ideal, se os oiço e me falam.
Quem há neste largo mundo que me confesse que uma vez foi vil?
Ó príncipes, meus irmãos,

Arre, estou farto de semideuses!
Onde é que há gente no mundo?

Então sou só eu que é vil e errôneo nesta terra?

Poderão as mulheres não os terem amado,
Podem ter sido traídos - mas ridículos nunca!
E eu, que tenho sido ridículo sem ter sido traído,
Como posso eu falar com os meus superiores sem titubear?
Eu, que venho sido vil, literalmente vil,
Vil no sentido mesquinho e infame da vileza.


Haicai e flores - XVI



O aroma que foi-te
saudar ao vir do luar
é a Dama da Noite!

Gilberto de Almeida
18/04/2013


Um haicai sem palavras

Não basta que eu pense; o
momento é de sentimento!
interno silêncio...

Gilberto de Almeida
17/04/2013


sexta-feira, 12 de abril de 2013

Possível epitáfio para Louis Armstrong


(Mariana Nagano)

Aqui Jazz;
aí fora vocês podem sambar!

A tormenta


Gilberto de Almeida
12/04/2013



Eu tenho um pássaro dentro de mim


(Vitória Régia - 11/04/2013)

Eu tenho um pássaro dentro de mim
De asas fortes, ainda que machucadas
Lança-se em céu aberto, cortando o vento
Que vem, lento, contra o peito
Contra o desejo de cada momento...
Voa bem alto quando sente o perigo
Um desenho em nuvens, o seu sorriso
Um calor no espaço, o seu abraço
Eu tenho um pássaro dentro de mim
Que me faz seu ponto de partida
Seu impulso pra vida, sem volta, só ida
E beira o mar, cansado, no escuro
E ao me olhar, parado, confuso
Só faz calar, sem pouso seguro.
Eu tenho um pássaro dentro de mim.


Voz Serena

(Vicente Galeano)

A voz serena e afetuosa
que a gentileza suaviza,
cuja pujança o afeto dosa,
cuja brandura hipnotiza
é como o aroma da babosa;
é como o amor de poetisa
que faz da noite tormentosa
o dia claro e a doce brisa...

quinta-feira, 11 de abril de 2013

Poesias da Vida - XXXVI

(Juliana Paula Landim)

Um Menestrel da vida dura,
violão colado ao peito
e a inspiração de quem procura
beleza no dia a dia
ofereceu aos passageiros
do jeito que dava jeito
um amor de poesia.

Não pediu por dinheiro,
mas é claro que quem quisesse
poderia lhe dar um vintém
ou lhe fazer uma prece...

Até aí tudo bem,
Mas tem algo que me toca a ferida:
- É gente de cara amarrada!

Minha amiga; meu camarada,
se tu tá avesso da vida
não desconta no pobre coitado:
- que vá procurar namorado!
- que vá procurar namorada!


Haicai e flores - XV


Ao vento, desfolha a
macia flor, simpatia...
...chamada magnólia!

Gilberto de Almeida
11/04/2013


Sereio

(Mariana Nagano)

Sê-lo-ei,
Sê-lo-ei,
Sê-lo-ei!

Não quero nada disso.

O que eu quero é
Sereio!


Poesias da Vida - XXXV

(Juliana Paula Landim)

Tem gente que não pode dirigir
nem a própria razão;
razão
pela qual
não pode dirigir
a razão dos outros!

Pobre da pessoa que o motorista do ônibus
deixou para traz
na parada.

E trancou as portas por dentro
para que ninguém saísse
para avisar o pobre
retardatário!

E berrava!

Numa ira que não era deste mundo!

E todos os passageiros
ficamos imaginando
que o infeliz abandonado
perdera seus compromissos,
suas bagagens
e sua fé na bondade humana!

E eu fui tomada de um sentimento alienígena
de maldade...

Tem gente que não pode dirigir
nem a própria razão;
razão
pela qual
não pode dirigir
um ônibus!