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terça-feira, 20 de agosto de 2019

Divino passaporte


A vida é breve e aquele que decida
viver somente os próprios interesses,
é bom, enquanto é tempo, que se apresse
em repensar a ideia irrefletida. 

Morremos! Isto é lei! Ninguém duvida!
Porém, após a morte, depois desse
minuto passageiro, o que acontece
depende do que fez, quem morre, em vida:

apenas nossa ação no bem alheio;
somente a caridade, o amor, é meio
capaz de, deste mundo e de suas crises,

levar-nos, qual divino passaporte,
a zonas onde habitam, no pós-morte,
espíritos gloriosos e felizes.

Gilberto de Almeida
20/08/2019

Referência: Recados do Meu Coração. Bezerra de Menezes/José Carlos de Lucca. 
Capítulo "Nossa maior riqueza"

segunda-feira, 19 de agosto de 2019

Família consanguínea


Família consanguínea é academia
de amor, de tolerância e de perdão.
Não há quem seja pronto de antemão,
mas, na família o espírito estagia

lutando contra a própria letargia;
desditas familiares mais não são
que o apelo a salutar renovação
em meio à situação que o desafia.

Aquele familiar que nos resista
às boas intenções - sempre egoísta!
- e, a tudo que o rodeia, é ingrato e cego

é o mesmo familiar que nos convida
a realizar, ainda nesta vida,
vitória esplendorosa sobre o ego.

Gilberto de Almeida
19/08/2019


Referência: Recados do Meu Coração. Bezerra de Menezes/José Carlos de Lucca. 
Capítulo "Nossa família"

quarta-feira, 14 de agosto de 2019

Por que parastes?


Por que parastes?

Quando amáveis pessoas,
pessoas amáveis
vos amavam.

Gilberto de Almeida
14/08/2019

domingo, 11 de agosto de 2019

Poema do reencontro

(a meu pai)


Da lucidez, meu pai, que te ilumina,
agora, a trajetória, sob o amparo
do afeto que te acolhe como raro
afago protetor da mão divina;

daí, donde a vontade descortina
na linha do horizonte, céu mais claro,
repara - como, aqui, também reparo 
- no amor, verdade eterna e cristalina.

E, assim, banhado em luzes de ternura;
e, assim, amado e amando plenamente,
recebe o meu amor, que te procura;

recebe o meu amor, que te pressente,
que te entrevê, por dádiva futura,
no encontro que teremos frente a frente.

Gilberto de Almeida
11/08/2019




quinta-feira, 8 de agosto de 2019

Campo fértil


Aquele que, em verdade, se interesse
na cura, quando, face à dor pungente,
notar obscurecida a luz da mente,
procure refazer-se em mansa prece;

relembre-se do amor que, do Alto, desce
do afeto de Jesus, condescendente;
coloque-se a serviço de quem sente
mais dor que a própria dor da qual padece.

Somente assim, enviados d'O Divino,
espíritos leais e prestativos
encontrarão, no doente, o diamantino

terreno, campo fértil que os ajude,
assimilando os suaves lenitivos
que trazem, carregados de saúde.

Gilberto de Almeida
08/08/2019

Referência: Recados do Meu Coração. Bezerra de Menezes/José Carlos de Lucca. 
Capítulo "Terreno fértil"

terça-feira, 6 de agosto de 2019

Fé raciocinada


I

Se à Bíblia, Upanixades ou Avesta,
se ao Tripitaka ou Vedas se reporta;
se o Tao Teh King é o livro que se presta
à educação da alma ou se o que importa
é o Alcorão, Torá... a história atesta
que o texto religioso é letra morta
se não separa, a mente, que examina,
da intromissão humana, a Luz Divina.

II

De vida superior necessitada,
a humanidade é vítima da crença
de que a Palavra Augusta se translada
da Mente Onipotente, qual sentença,
à página que a aguarda, imaculada;
no entanto, bem mais longe do que pensa
está da realidade contundente
por trás do que acredita honestamente!

III

Pergunto: - se por Ordem do Divino,
mensagens siderais são transmitidas,
será que o Verbo expresso e cristalino
alcança, puro, o chão de nossas vidas?
Não pode ser, da Origem ao destino,
que mensageiros dignos, de subidas
virtudes - mas não Deuses! - nos relatos
que façam, sejam bons, mas inexatos?

IV

E mesmo que a mensagem seja pura,
correta, à perfeição, no que contém,
não é o canal humano, que a captura
dos páramos celestes de onde vem,
falível, de imperfeita conjuntura,
embora os zelos lídimos do além?
Não pode, sem querer, por ser humano,
interferir nas notas do "outro plano"?

V

E, ainda, que o instrumento medianeiro
do pensamento excelso d'O Infinito,
virtuoso, iluminado e verdadeiro
semeie, escrupuloso, por escrito,
com zelo de perfeito jardineiro,
as bases de robusto monolito,
quem diz que os seguidores são capazes
de edificar tão bem sobre essas bases?

VI

Depois, no suceder de muitas eras,
é natural que o mesmo pergaminho,
papiro, pedra ou tábua em que as sinceras
palavras que apontavam "o caminho",
da ação do tempo sofram das severas
repercussões. Então o desalinho,
esmaecimento, os anos que os consomem,
requerem cópias feitas pelo homem.

VII 

Mas o copista impõe-nos atenção.
Embora honestamente intencionado,
talvez um simples pai, um tecelão,
mas vagamente culto e mal letrado,
aqui desdenha um ponto, ali se vão
as vírgulas e aos poucos o recado
original se encontra em tal desvio
que torna-se enfermiço e fugidio.

VIII

Acresce-se, nas páginas da história,
que a cupidez humana, que ferinos
conchavos por poder, dinheiro e glória,
ataram à política os destinos,
em meio a concepção triste e ilusória,
das letras florescentes de divinos
eflúvios de bondade, honesta e pura,
adulterando os Cantos das Alturas.

IX

Como saber se, insanos e furtivos,
alguns representantes de seus credos
trataram, sim, de impor os seus motivos
enquanto, arrebatados por seus medos
seus pares, boquiabertos e inativos
os viram conspurcar certos enredos
de textos religiosos que, talvez,
passaram, já, por isso, tanta vez?

X

Então, girando o tempo, de ano em ano,
mais cópias, interesses, mais desvio,
mais erros, traduções, enxerto e dano,
um quase imperceptível desvario
tornou o Imarcescível, feito humano.
E o livro, transformado, que surgiu
d'A Origem é resquício circunspecto
que desafia a argúcia do intelecto.

XI

Porém, a natureza d'O Celeste
é tal que, mesmo em meio à corrupção,
permite ao estudante que se preste
buscar as claridades que o farão
crescer, até que, em breve, manifeste
o mais sublime amor no coração.
No entanto, essa jornada reluzente
requer, ombreando a fé, a luz da mente.

XII

Pois não somente o honesto refletir
tem força formadora e racional.
Na busca espiritual hão de intervir
os dogmas de extensivo cabedal
de ideias religiosas, que o porvir
sancionará ou não, mas pelo qual
seremos conduzidos e elevados
ou permaneceremos algemados.

XIII

Por isso, é necessário que o sincero
discípulo do Excelso e Redentor
Poder Onipresente busque o austero
e livre raciocínio, mas que o Amor,
sinônimo de Deus, não seja mero
vocábulo sepulto no interior
de um coração pautado nas mais duras
e rasas concepções das escrituras.

XIV

Amor é tudo! O resto não é nada!
Amor não pune, não fere e não condena,
tudo perdoa e não se desagrada.
É o plano com que o Alto nos acena:
amar a quem transita pela estrada
de nossa vida e dar-lhe a mão serena
que ampara, que conduz, soergue e avança
semeando as claridades da esperança.

XV 

Aí se encontra a base do edifício
da vida transcendente, de infinita
ventura. É no amor e não no vício
dos ritos exteriores que se quita
os débitos no foro vitalício
da vida espiritual, de paz bendita. 
Se o amor não toca o espírito imortal,
nenhum efeito tem o gesto ou ritual.

XVI

A alma que se esgueira pela porta
da vida após a morte, estacionada
nas crenças ritualísticas, qual morta
depois da morte, sente-se enganada.
Porque a alma, na outra vida, sempre aporta
nas zonas com que está sintonizada.
Não há quem salve o crente mais fiel
que não amou, na Terra, e almeja o céu.

XVII

Os textos que iluminam nossas vidas
quais reputados Guias Celestiais,
embora as distorções introduzidas,
ainda são vastíssimos canais
de exortações sublimes que, sentidas
no coração, conclamam-nos à paz,
à caridade, ao lúcido e ao fraterno,
instâncias do perfeito amor d'O Eterno.

XVIII

Sigamo-los, na essência, que culmina
na exaltação do amor e da virtude.
Sigamo-los, na flor da Luz Divina
que induz a revisar nossa atitude.
Usemos de prudência e disciplina
e rejeitemos o erro, o falso e o rude.
E nascerá, do filho inconsequente,
o embaixador do amor d'O Onipotente.

XIX

Pois, límpida, serena, altiva e alerta,
a Força Que Conduz E Que Apascenta,
no abismo da instrução de base incerta,
perante o dogmatismo que contenta,
perante o obscurantismo que encoberta,
deixou-nos como herança, porque atenta,
o amor, reto e infalível, por baliza,
e a mente, que previne e que analisa.  

Gilberto de Almeida
04/08/2019


sexta-feira, 2 de agosto de 2019

O amor é doce e ameno lenitivo


O amor é doce e ameno lenitivo
que acalma, tranquiliza, que asserena
o espírito asilado nessa arena
de vida de tumulto intempestivo.

Amar é sempre antídoto assertivo
ao pensamento amargo, que envenena.
Amar nos salva; amor é força plena!
Amar é o meio, a meta e é o motivo,

pois alma que ama, entregue e embevecida,
nos páramos celestes entrevê
a cura; e nem se entrega nem duvida,

nem mesmo se exaurida e semimorta,
porque o amor, que sofre e tudo crê,
paciente, espera e, então, tudo suporta!

Gilberto de Almeida
02/08/2019



Referência: Recados do Meu Coração. Bezerra de Menezes/José Carlos de Lucca. 
Capítulo "A terapia do amor"