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domingo, 31 de março de 2013

Haicai e flores - XI


Assim resumida,
é aquela que se revela
ao sol: Margarida.

Gilberto de Almeida
31/03/2013


sábado, 30 de março de 2013

Linguisticagem


E a língua, 
a língua estica.
E na língua-estica agem
a linguística
e a língua.

Gilberto de Almeida
30/03/2013


sexta-feira, 29 de março de 2013

Haicai e flores - X



A dor se dissipa.
Acalma a ilusão da alma.
Discreta Tulipa.

Gilberto de Almeida
29/03/2013


Haicai e Flores - IX


Suave martírio.
Encanto que por enquanto
chamamos de Lírio!

Gilberto de Almeida
29/03/2013


quinta-feira, 28 de março de 2013

Haicai e flores - VIII


A flor de Alfazema
assume o próprio perfume
qual fosse um poema.

Gilberto de Almeida
28/03/2013


Meu coração abaixo de zero


Castelo de gelo.
Eu tento esquecê-lo,
mas arde, à aquecê-lo,
você, nua em pelo!

Gilberto de Almeida
28/03/2013





quarta-feira, 27 de março de 2013

Haicai e flores - VII


Contou-me a Azaléa
que apela quem fala dela.
Que é prosopopéia!

Gilberto de Almeida
27/03/2013


Sem poemas, sem pressa

- Qual o dilema, ora essa?
- Que mal se estou sem poemas,
se também não tenho pressa?

Gilberto de Almeida
27/03/2013


terça-feira, 26 de março de 2013

Haicai e flores - VI


Assaz curvilínea,
maneiras de trepadeira.
travessa, a Glicínia!

Gilberto de Almeida
26/03/2013


domingo, 24 de março de 2013

Cenas em um Shopping - XXX



Um sujeito de corpo bombado:

com um pouco da maldade que reside em mim,
imaginei
que aquele jovem deveria
 treinar horas a fio

e não consegui deixar de pensar na antítese
da imagem hercúlea
treinando os bíceps
ao mesmo tempo que treinava
sua oligofrenia!

Gilberto de Almeida
24/03/2013


Cenas em um Shopping - XXIX






Carotena pequena morena,
Iemanjá cor laranja se acanha;
se eu espero ou se quero um bolero,
desarranja e acompanha uma arcanja!

Gilberto de Almeida
24/03/2013

Haicai e flores - V


A flor do alecrim,
enclave de amor suave,
enfeita o jardim.

Gilberto de Almeida
24/03/2013


Poema Cacófato - II



Põe macaco! Fato:
poema caco! Fato:
poema cacófato!

Gilberto de Almeida 
24/03/2013


Poema cacófato - I

A vê-lo dado
aveludado
em verso
inverso
encaro-o
em caro o
ver. E dito o
veredito,
sinto, mas
sintomas
há. Pare! Se
aparece,
some e 
só me
inverte
em ver-te!

Gilberto de Almeida
24/03/2013


sábado, 23 de março de 2013

Roleta


Do outro lado da bruma
há uma intenção escondida,
pura ilusão de quem fuma,
na qual se interna e se olvida.

Enquanto, ao mal, se acostuma,
quem fuma, então, se decida;
que a vida não se resuma,
pois ele a quer resumida!

Mas antes que eu me intrometa
na insensatez homicida,
dissimulada e indireta 

peço que a Força da Vida
poupe o fumante à roleta
da adoração suicida!

Gilberto de Almeida
23/03/2013


Um haicai na Rússia


Bem simples e breve:
revela o sol que degela...
Topázios na neve!

Gilberto de Almeida
23/03/2013


Haicai e flores - IV


Magnífico, atônito.
Cultiva elegância altiva .
Beleza de acônito.

Gilberto de Almeida
23/03/2013


sexta-feira, 22 de março de 2013

Um poema sobre a vida em quatro cores


Gilberto de Almeida
22/03/2013



Haicai e flores - III



- Presente singelo!
- dirão, talvez, do açafrão.
Lilás e amarelo.

Gilberto de Almeida
22/03/2013


Haicai e flores - II


Nem verso, nem prosa.
Falácia da flor de acácia,
que diz que é mimosa!

Gilberto de Almeida
22/03/2013


Haicai e flores - I



A brisa serena
balança, tecendo a dança
da flor de açucena!

Gilberto de Almeida
22/03/2013


Teu verso



Tentei um dia ler teu verso,
meu Deus, aquele que o poeta
procura atento no universo
em busca íntima e secreta.

Busquei; não li; porque, disperso,

perdi-me em pródiga e indireta
indagação que um controverso
entendimento não completa...

Mas quando, firme e confiante,

deixei as causas mais mesquinhas,
então vi, Pai, no mesmo instante,

na imensidão azul, que tinhas,

na via láctea cintilante,

escrito e li... nas estrelinhas!

Gilberto de Almeida

22/03/2013


quinta-feira, 21 de março de 2013

Depois do poema













E o que fazer da vida quando acaba o poema, se não poesia?

Gilberto de Almeida
2103/2013

O complexo

(Mariana Nagano)

O complexo
de Gioconda
na mulher 
redunda
em que a melhor forma
redonda
abunda!

quarta-feira, 20 de março de 2013

A cigarra e o cigarro


Enquanto assistia à fanfarra,
astuto e varão contumaz,
arguiu o cigarro à cigarra:
- meu bem, e você, o que  faz?

Tomada de súbito espanto
por ver-se, assim, importunada
refez-se a cigarra, no entanto,
e respondeu, toda educada:

- Eu canto!

Achando o sujeito bizarro,
mas não querendo se indispor,
arguiu a cigarra ao cigarro:
- E em que trabalha o bom senhor?

Porém, o cigarro de santo
Sabemos bem, não tinha nada.
Tentou se esconder nalgum canto,
Mas veio a rima atravessada:

- Eu  câncer!

Gilberto de Almeida
20/03/2013




Gula - III


Gilberto de Almeida
20/03/2013



Duas meninas gêmeas


Gilberto de Almeida
20/03/2013



terça-feira, 19 de março de 2013

Carcará




Há um ciclo eterno!
Visão
de um carcará
que se desdobra!

E aquela obra
prima, verá?
Verão?
Ou tô no inverno?

Gilberto de Almeida
19/03/2013

segunda-feira, 18 de março de 2013

Jeito fácil

Minha memória está RAM
zinza.

Não durmo nem por controle REM

moto.

Meu cérebro não Processa
a dor.

- Que faço?
- Desligo e ligo de novo?

Gilberto de Almeida
18/03/2018


Noite na rodoviária


(Mariana Nagano)

A noite cala
a rodoviária.

Cantando a ária,
a cotovia

a faxineira
a rodo
via

do lodo
limpá-la
inteira.


domingo, 17 de março de 2013

Andando na chuva - II


Gilberto de Almeida
(17/03/2013)

Paródia de mim mesmo em "Andando na chuva"


sábado, 16 de março de 2013

Gula - II



Gilberto de Almeida
16/03/2013

Haicais formais - Série SUS

(homenagem ao combalido Sistema Único de Saúde brasileiro - O SUS)

S emente bonita,
U sada à toa pra nada,
S omente me irrita!

S ó o líder mesquinho
U surpa enquanto deturpa
S ocorro e carinho!

S aído da planta,
U m plano dentro do cano,
S ervido na janta!

S e bem lucrativas,
U sina ou penicilina,
S audadas com vivas!

S ei bem que alguém tira
U m tanto bem gordo enquanto
S eu próximo expira!

S e não é correto,
U nido ou não, o partido
S epulta o projeto!

S audade que dá!
U m dia a gente vivia:
S ou mais Canadá!

S úbito e abrupto:
U m caso a mais de descaso
S ombrio e corrupto!

S enhor presidente,
U sai, mas não abusai:
S adismo é indecente!

S eiscentos majores;
U ns poucos soldados loucos;
S essenta e seis dores.

S uprindo a saúde
U m plano privado é dano;
S algado amiúde!

S enhor dirigente,
U nívoco nesse equívoco,
S upera um demente!

S audável idéia
U rdida em favor da vida...
S angrenta alcatéia!

S obre essa gente
(U sados, pobres coitados!),
S ão votos, somente!

S adia é aquela
U rbana cheia de grana
S em pé na favela!

S adio é aquele
U rbano que hoje tem plano
S alvando-lhe a pele!

S ó falta, afinal,
U rgente!, aquele que tente
S alvar a moral!

S ou só um poeta,
U ngido de um destemido
S onhar de pateta!

Gilberto de Almeida
16/03/2013

sexta-feira, 15 de março de 2013

À brasileira

(Epitáfio sugerido para a lápide do falecido programa "Aprendendo com Saúde")

SUS, peitei desde o princípio!

Parodiando e parafraseando o personagem de comédia infantil, "Chapolin Colorado"!

Gilberto de Almeida
15/03/2013


quinta-feira, 14 de março de 2013

Camuflagem


Gilberto de Almeida
14/03/2013


A garoa












O grou agrada grua;
a grua agoura o gorila;
o gorila agarra guria;

A guerra; a guerra!

A garra agarra a guria
que agarra o gorila
que agarra a grua
que agarra o grou!

A garoa; a garoa!

Amargura, a guerra.
Amar cura a guerra.
Amar gera garoa.
Amar gira a guria.

Agora; agora!

Gilberto de Almeida
14/03/2013


quarta-feira, 13 de março de 2013

Charuto



















Não imagino nada mais afelativo do que uma mulher chupando charuto.
Se for homem, então.
nem me falo!

Gilberto de Almeida
13/03/2013

Verde-Negro

(Manuel Bandeira)




O desejo












O que lhe deu na telha?

A moça sorve entre os dedos
o pretenso
simbolo fálico,
cabeça em brasa

e vermelha...

É isso que vejo!

Mal disfarça o hálito,
mas eu penso
que o desejo,
o satisfizesse em casa!

Gilberto de Almeida
13/03/2013


Smoking is bad!



Smoking is bad!
That's the point.

Então vamos largar a gravatinha borboleta
e o traje de pinguim
(que são só fumaça!)
e fazer alguma coisa menos status quo
e mais útil
com as nossas vidas!

Gilberto de Almeida
13/03/2013

segunda-feira, 11 de março de 2013

Lápide




Gilberto de Almeida
11/03/2013


A loba

===============================
A loba de aço é oca e dá bola!
===============================

Gilberto de Almeida
11/03/2013


Confissão

Sou uma pessoa que só tem alguma graça por extenso;
conheça-me em algarismos arábicos para entenderá o que digo!

Gilberto de Almeida
11/03/2013

Bom dia, gramática!

Bom dia, gramática!
Mas, gramática, gramática...

Bom, diagramática,
quem manda aqui? És tu? Ou sou eu?

Estás a pensar que és tu, não é?
Não és? Não é ou não és?

Pois bem, com quem pensas que lidas?
Com alguma semente de cardamomo letroviária?

Ora! A isso se prestam os letrados,
os doutos nas línguas, os escribas e os vestibulandos!
A eles comandas!
Mas eu sou poeta, não seu criado!
Sou antes o mau criado que te cria!

E agora te crio e há em vento
mais energia que cem por cento
da tua rege que delimitiga
a criadagem...

Ou seria a criação?

Bom, diagramática, como já é noite,
que agora fique por isso mesmo.

Amanhã te descrio mais!
Amanhã haverá mais vento,
coisa que, enfim, não há cento!

Gilberto de Almeida
11/03/2013


domingo, 10 de março de 2013

Numa fotografia




















Quando olhei para aquela foto,
lançou-se do nada até mim,
talvez por controle remoto,
a seta atroz dum Querubim!

Não vi donde vinha, mas, pronto,
arrastou-me ali para dentro
meio lúcido, meio tonto,
nas asas da força do vento!

Na cena da fotografia,
meu coração, entorpecido,
foi despertado enquanto via
o mundo, num outro tecido!

Atento, ele, então, percebeu
aquele cenário sereno
pintado em matizes de breu
e em tênue tom de caroteno.

Mas tanta calma... Algo há de errado!
Algo de estranho em tal cenário!
Nenhuma pessoa a meu lado:
- mais um coração solitário!

E o coração, assim, de espanto
tomado, por fim, se defronta
com a verdade, com o quanto
fora só, mas sem se dar conta!

Foi preciso entrar noutro mundo,
para notar com nitidez
que lá, donde eu era oriundo
deixava escapar minha vez!

Foi então que, ousado, pedi
que o Querubim me desse um passe
que me transportasse dali
ao coração de quem me amasse...

Gilberto de Almeida
10/03/2013


o rei

(Christiana Nóvoa)

fim do verão, o sol
que cai dá um sono, vai
pro outono ou não vai?

veja também a publicação original, no site da autora, clicando aqui


Nu

(Manuel Bandeira)

Quando estás vestida,
Ninguém imagina
Os mundos que escondes
Sob as tuas roupas.

(Assim, quando é dia,
Não temos noção
Dos astros que luzem
No profundo céu.

Mas a noite é nua,
E, nua na noite,
Palpitam teus mundos
E os mundos da noite.

Brilham teus joelhos.
Brilha o teu umbigo.
Brilha toda a tua
Lira abdominal.

Teus seios exíguos
- Como na rijeza
Do tronco robusto
Dois frutos pequenos -

Brilham.) Ah, teus seios!
Teus duros mamilos!
Teu dorso! Teus flancos!
Ah, tuas espáduas!

Se nua, teus olhos
Ficam nus também:
Teu olhar, mais longo,
Mais lento, mais líquido.

Então, dentro deles,
Boio, nado, salto,
Baixo num mergulho
Perpendicular.

Baixo até o mais fundo
De teu ser, lá onde
Me sorri tu'alma,
Nua, nua, nua...

Rebeldia

Levantei-me agora, bem cedo,
e não sabia o que seria:
se seria parque ou cinema
ou se seria poesia.

Levantei-me agora, bem cedo,
e não sabia o que seria:
se seria um bom resfriado
ou se, talvez, pneumonia.

Levantei-me agora, bem cedo,
e não sabia o que seria:
se tinha de ficar na mesma
ou se haveria rebeldia.

E assim, meio café com gema,
meio uísque com chá gelado,
meio torresmo com torresma,
levantei-me tarde, bem cedo!

Me levantei, mas tive medo!

Gilberto de Almeida
10/03/2013



Com o ollhinho azul que brilha

(especialmente para ser declamado na festa de aniversário de 95 anos de Dona Augusta Pousa Paludetto, por sua bisnetinha, Isadora de Andrade Paludeto Alves)


Com o olhinho azul que brilha
como canta o curió,
venha ver nossa família
reunida numa só!

Com o olhinho azul que brilha
de doçura, qual filó,
venha atar numa fitilha
nosso amor; vem dar-lhe um nó!

Com o olhinho azul que brilha
de ternura que dá dó
venha a nós, querida filha;
venha ver, querida avó!


Gilberto de Almeida
10/03/2013