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segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Desconstruindo o mundo















Tem uma brincadeira que eu faço
que é a brincadeira de desconstruir o mundo;
não este mundo que está aí,
porque não tenho informação para isso,
nem quero;
mas um mundo que aí estaria,
se eu o inventasse
com aquilo que sei.

Então, quando vejo uma bela paisagem,
com lago de águas límpidas refletindo a montanha
e o bosque de pinheirais,
logo imagino uma pedreira na montanha
e parte da montanha se vai.

Também imagino que as pedras que vieram dessa pedreira
construíram edifícios à beira do lago
- com muitas placas de aluga-se e de vende-se -
onde antes estavam os pinheirais,
que por sua vez viraram lenha, viraram mobília.

E os animais que habiitavam o bosque
foram comidos ou mortos,
ou se extinguiram ou se mudaram,

E indústrias apareceram no topo da montanha,
acima da pedreira, da ferrovia, da rodovia
e o céu se cobriu de monóxido de carbono
e os resíduos industriais foram despejados no lago.`

Na turbidez do céu já não se via estrelas,
nem mais se podia pescar no lago, onde os peixes já não estavam.
As águas que foram límpidas agora não refletiam
senão a devastação, pois eram como um lodo de esgoto e química.

E assim, esse mudo construído com o que eu sei,
num piscar de olhos eu desconstruo
e lá está a paisagem bela,
na verdade mais bela do que antes,
porque, com a minha brincadeira de desconstrução do mundo
eu cheguei a ver como ela seria, mas não foi.

Aí vem aquela sensação de amor ao mundo,
que, para continuar não sendo como seria,
depende de nós;
mas lá no fundo do meu coração eu sei que isso é mentira,
pois, para que aquele mundo não seja assim,
lá no fundo do peito eu sei, eu sinto,
que não depende de nós,
que depende de mim!

Gilberto de Almeida
06/08/2012

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