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sábado, 15 de setembro de 2012
Com Alberto, num jardim de Magnólias
Não é o mais comum. Preferimos passear a pé. Mas nessa tarde eu havia alugado um carro na Carolina do Sul e passeava com Alberto na maleta. Para que ele pudesse apreciar melhor a paisagem - que ele tanto gosta - insisti para que sentasse no banco dianteiro.
Sempre passeio com tranquilidade, o que me permite admirar melhor a verdade do mundo ao meu redor. Por assim fazer é que reparei, à direita, mais perto do assento do Alberto, na existência daquele jardim singelo, mas ao mesmo tempo raro.
Estacionei e ficamos contemplando. À esquerda uma fileira de troncos nascia do chão e subia, encurvando-se por cima do caminho gramado até tocar, na outra ponta da curvatura de seus galhos, o jardim de Magnólias. Formavam-se arcos que davam à paisagem o aspecto de um túnel. Sem dúvida, um túnel de árvores e flores, uma passagem da natureza, pela natureza. Eu quase conseguia, tomado por essa beleza, vislumbrar gnomos e outros seres fantásticos andando por aquela passagem.
Assim estava eu, entretido pela imaginação e esquecido do tempo, quando Alberto (o que não é seu costume) interrompeu meu pensamento:
- O que nós vemos das cousas são as cousas. - disse ele. - Vós, místicos, que gostais de vos iludir, é que enxergais o que não há. Esses troncos são arcos, e são belos por serem troncos e por serem arcos. E as flores, por serem flores. A beleza que existe, aí está. E vós não precisais aumentá-la, como se bela não fosse.
Disse isso apenas, como se fosse tudo que eu precisasse ouvir, e calou-se.
Desconcertado, calei-me também. No dia seguinte, não levei o Alberto comigo!
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Poético. Curioso. no entanto. Mas gostei!
ResponderExcluirAté breve.
Obrigado, Dulce. Essa série de textos "Alberto e Eu" me dá muito prazer em escrever. Espero que continue gostando. Obrigado por ler.
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