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quarta-feira, 5 de junho de 2013

Mais três poemetos crônicos

I

Enquanto eu desentrenhava

na estação
lotada,
o sujeito de trás
e sua mochila
pareciam ignorar a lei
da impenetrabilidade da matéria
e se esforçavam por me atravessar.

Eu, por minha vez,
me esforcei por não esquecer as outras leis,
como a lei do amor
e da benevolência.

Quase não consegui.

Mas quando o rapaz já seguia a alguns metros de distância
(não me lembro bem se me atravessou ou não!)
consegui libertar-me
dessa influência desastrosa do toma-lá-dá-cá
e desejar-lhe um dia feliz!

Depois me peguei pensando
sobre as influências a que estamos sujeitos
sem perceber
e que contrariam o nosso íntimo.

E pensei também em quantas vezes seria proveitoso
ignorá-las.

II

E  no outro sentido vinha um jovem a ajeitar as costeletas

refletidas no telefone celular!

III

Noutro dia, a moça da bilheteria era um rapaz.
Sem perceber eu tinha criado o hábito de dar bom dia.
Ele sorriu.
E eu fui me acostumando.

Gilberto de Almeida
05/06/2013

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