Ontem fomos ao teatro. O programa era Brahms. Dueto para violino e piano.
Fomos eu, Carolina, Shu, Pâmela e Alberto, claro - que desta vez não estava na maleta; só no pensamento!
Disse o pianista que a segunda sonata era muito lírica, que o compositor a fizera enquanto aguardava a visita de sua amada, de menos da metade de sua idade!
Quando a escutei, entrei em profundo devaneio! Todo aquele lirismo invadiu-me a alma. E a alma quase se desprendeu do corpo: quanto amor...
- Está ouvindo, Alberto?
Ele apenas me encarou com um olhar de "não me perturbe"!
É claro que eu estava sendo iindelicado. Esperei a música terminar, e depois dos aplausos e dos áutógrafos, depois mesmo de deixar minha filha em casa, tornei a perguntar:
- O que você achou, Alberto? Percebeu todo aquele lirismo, todo aquele amor de que o pianista falara? Sua alma quase se desprendeu do corpo?
- Ouvi o que tu também ouvistes! Mas não ouvi lirismo, ouvi os sons! E porque os sons se encadeavam daquela maneira que ouvistes, chorei!
Então eu tive a certeza de que eu e Alberto, pelo menos desta vez, havíamos percebido a mesma coisa, escutado a mesma música e nos sentido da mesma maneira, ou quase!
Ele só não havia sentido as palavras do pianista - lirismo, amor - que a bem da verdade, não faziam parte da música, e eu também não senti!
Gilberto de Almeida
06/09/2012
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