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terça-feira, 10 de dezembro de 2019

Sonetos Sufi

Obra de Fabian Perez - Tess IX

Na simbologia Sufi, segundo O Iogue Ramacharaca, no livro "As Doutrinas Esotéricas das Filosofias e Religiões da Índia", "amada" ou a "rosa rubra" são a divindade; "amante" é o religioso ou o Sufi; o "vinho" são os ensinamentos místicos ou sufis; a "taverna" é o templo ou loja secreta de ensinamentos sufis; o "abraço" (e, por extensão, o "beijo" e o "êxtase") são o êxtase da união consciente com divindade; a "vide", a "uva" ou a "vinha", são a religião ou o sufismo, a fonte do vinho; o "casamento" é a entrada no saber espiritual.

O autor esclarece, ainda, que os adeptos da religião sufista eram verdadeiros apaixonados pela Divindade. Porém, vivendo em meio maometano ortodoxo, não tinham liberdade para cultivar seu credo e disfarçavam seu amor a Deus na forma de poemas que se assemelhavam ao amor de um homem por uma mulher.

Soneto Sufi - I

Amada, mais amada em toda vida,
piedade tem de mim, teu pobre amante.
O vinho, na taverna, me convida
ao teu formoso abraço, estimulante.

Mas, ai de mim, da vide, da bebida,
da fonte, sempre aparte e tão distante,
à espera do momento em que decida
tomar-te em casamento, um dia, adiante!

Espero por teu beijo, rubra rosa,
porém, sou como louco ou insensato
amante que deseja e não desposa!

Talvez, já não me queiras em tua vinha,
mas, no êxtase que tenho ao teu contato,
sou teu, mas sei que Tu não serás minha!


Soneto Sufi - II

Amada, Amada minha, vim buscar-te!
Na vida, tudo aquilo que desejo
só existe nas delícias do teu beijo
e nunca encontrarei por outra parte.

Eu Te amo, minha Amada, e o amor, destarte,
me algema e, embriagado, dá-me ensejo
de ver além das sombras que hoje vejo
que, há muito, o que preciso, é desposar-te.

Outrora, nas tavernas, já, por Ti  
chamava. E o Teu amor, que pressenti,
no vinho, é que buscava, descontente.

Depois que te encontrei, já não duvido
que, Amada, tens de ter-me por marido
agora, no futuro e eternamente!

Gilberto de Almeida
08/12/2019

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