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quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Dualismo


(Olavo Bilac)

Não és bom, nem és mau: és triste e humano... 
Vives ansiando, em maldições e preces, 
Como se, a arder, no coração tivesses 
O tumulto e o clamor de um largo oceano. 

Pobre, no bem como no mal, padeces; 
E, rolando num vórtice vesano, 
Oscilas entre a crença e o desengano, 
Entre esperanças e desinteresses. 

Capaz de horrores e de ações sublimes, 
Não ficas das virtudes satisfeito, 
Nem te arrependes, infeliz, dos crimes: 

E, no perpétuo ideal que te devora, 
Residem juntamente no teu peito 
Um demônio que ruge e um deus que chora.


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