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sexta-feira, 4 de outubro de 2019

Desgarrados, buscamos


I

Senhor, nos desgarramos do redil
de paz, de alacridade e de ternura,
nas ilusões cingidas de aventura
no mundo, em temerário desvario.

Agora, arrependidos e vazios,
buscamos Teu amor como procura,
no inóspito deserto que o tortura,
o nômade por água no cantil.

Senhor, depois da enorme insensatez
de priorizar, na vida, os próprios egos,
o vácuo da consciência foi, talvez,

a voz a interpelar-nos como cegos.
Mais tarde, compreendemos que a altivez
cravou, na nossa cruz, seus próprios pregos.

II

Senhor, então buscamos, nos Teus passos,
amparo, na hora ingrata em que, culpados,
colhemos, com tristeza, os resultados
de nossos imprudentes descompassos.

Agora, sob a dor dos erros crassos
nos quais tanto incidimos no passado,
caímos, confrangidos, trespassados
de angústia indefinível, nos Teus braços.

Senhor, por fim, cansados das desditas
de nossas vidas tolas e confusas,
cansados de amarguras infinitas,

não mais queremos fugas nem escusas.
Rogamos que a Tua lide nos admitas,
e, doravante, os passos, nos conduzas.

Gilberto de Almeida
04/10/2019



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