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sexta-feira, 9 de novembro de 2012

A Ilha

 
 
Encerrei meu mundo numa ilha
que eu chamei (e chamo!) de família;
Nesse mundo, luz serena e calma
semeei, a amar, de corpo e alma.
E a colheita faço mesmo agora,
num sorriso, em cada olhar que aflora
no semblante amado que, de brilho,
embeleza a filha e encanta o filho!
 
Sossegado, então, nessa tranquila
plenitude da pequena vila
que erguera no melhor recanto
do meu peito, eu viajava enquanto
no outro mundo, o mal corria solto.
E se ousasse, mesmo, o mar revolto
fustigar meus filhos ou mulher...
Desvairava: - enfrento o que vier!
 
Mas a vida, um dia, resolveu,
disso tudo que antes fora meu
desfazer-me, e atordoado eu logo
perco o pé, não vejo mais, me afogo!
Desfaleço, morro, o que acontece?
Reconheço Deus: vem numa prece!
Ajoelho e a fé surge do nada:
caridoso é Deus, mostrando a estrada.
 
Retornei depois, tempo passado,
ao local, à ilha, ao meu sobrado.
Encontrei a luz que florescia
deslumbrante (foi meu mundo, um dia!);
e a beleza e a calma a circundar
de ternura e amor, esse lugar!
Comovido, vislumbrei, então,
do mistério, tímido, a razão:
 
Mesmo sendo a ilha onde vivi
tão perfeita, não se basta em si:
Ela é enorme, mas, contudo, é, sim,
só o começo de um amor sem fim;
lindo ponto, cálida beleza,
mas é ponto, aos pés da natureza!
E Deus quer - sei disso, lá no fundo -
que entreguemos nosso amor ao mundo!
 
Gilberto de Almeida
09/11/12 

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